sábado, 3 de abril de 2010

Carta e poesia de Alípio Carvalho


Poesia que vovô Alípio Alcides de Carvalho escreveu quando viajava da Bahia para Carolina pelo Rio São Francisco até alcançar a nascente do rio do Sono.
Esta poesia foi escrita dia 7 de abril de 1914, quase 100 anos atrás, mas seu conteúdo ainda permanece atual e verdadeiro.


À minha saudosa esposa Rosinha,

Com o coração transido por acerba e pungente saudade te dedico estes toscos versos.
Acolhe-os com carinho, minha santa companheira, se não pelo valor literário, ao menos por terem brotado do fundo do meu coração, do íntimo de minha alma.
Quis cantar e só me foi possível um lamento.
A bordo do vapor Antônio Olinto, subindo o Rio Preto – Bahia, em 7 de abril de 1914.

Teu marido,

Alípio Carvalho

Longe de ti, mulher a quem adoro,
Suspiro e choro de saudade e dor,
Já me fenece da esperança a vida,
Como a esquecida e estiolada flôr.

Geme meu peito, quando ouço um canto,
Corre meu pranto se o prazer existe,
Tudo são gozos, mas me sinto só,
Ninguém tem dó, e minha alma é triste.

Entre rumor da humana vaga,
Que o bonde rasga na rua rolando,
Eu atordido e alheio a tudo,
Vou triste e mudo a esmo vagando.

Vôa nos trilhos o titan garboso,
Tempestuoso turbilhão do bem
Sinto entre estranhos, do deserto a calma,
O ermo n’alma, no coração também

Pensando em ti, eu cismo sonhando,
A noite quando ao pungir das mágoas,
Baço o luar - O vapor potente
Sulca ascendente as tranqüilas águas.

Desliza mansa e serena a balsa,
A brisa passa e beija a flôr fremente
E eu vou triste, como a emurchecida
Pétala, caída na voraz corrente.

O sol derrama, em ondas de amor,
vida e calor, no universo o gôso,
Mas eu sou triste qual rola amorosa
Carpe chorosa, e perdido esposo.

Cobrem-se os prados de ardentes flores,
Santos amores, perfumados os ninhos,
E eu sou triste qual goivo pendido,
Murcho, perdido, no pó dos caminhos.

Oh! Tu não sabes, minha flor mimosa,
Dileta rosa do jardim do lar,
Longe de ti, o quanto hei sofrido.
Como vivido sem desesperar.

Só a esperança da volta ao casal,
É meu fanal e me alimenta a vida,
Reviverei da prole, no meio,
Quando em teu seio eu me estreitar querida.

(O vovô compôs também a música para este poema)

Copiado por Loló
Em 02de agosto de 1977.

Atualizei alguns dados de algumas árvores.

5 comentários:

  1. Que lindo esse poema,muito me emocionou, será que eu faço parte dessa família carvalho??Meu nome é Rita de Cassia Carvalho de Andrade,o meu Carvalho descendelá da Bahia na cidade da Salbara,eu nasci em Salvador mais o meu avô era desta cidade citada acima o nome dele era Francisco Miranda de Carvalho-será que tem alaguma ligação com essa familia,?? COMO POSSO SABER DISSO TENHO MUITA CURIOSIDADE EM conhecer meus ancestrais Carvalho.Bjsxx!!

    ResponderExcluir
  2. Sou da família Carvalho do município. de Valença _piaui. Meus pais José Caetano Pereira e Inacia Rosa de Carvalho.






    ResponderExcluir
  3. Sou da família Carvalho do município. de Valença _piaui. Meus pais José Caetano Pereira e Inacia Rosa de Carvalho.






    ResponderExcluir
  4. Muito lindo esse poema. Quanta riqueza de detalhes! Quanta cultura!
    Não há mais escritores como antigamente.

    ResponderExcluir